Fio
Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria face de dentro de um espelho. Contemplando dimensões de mim sombrias e desconhecidas. 
Ali permaneci demais talvez . 
Me contaminei da substância escura e ilusória que chamo medo.  
Mas que poderia vestir com outras palavras. Assim mesmo não perderia o sentido. Caminhei por minhas veias e pesei em gramas o pouco que entendi . 
Assim permaneci sem certeza do próximo ato. Em busca de algum perdão. Que insiste em se guardar . 
Habito um sonho que sai em outro. Cheio de meus personagens movediços. Transitando às cegas os mesmos lugares. Estranhos uns aos outros. Repetindo seus textos previsíveis e mesmo assim aquela sensação. De estar sempre a um passo da verdade. Ou talvez da liberdade.  
Quem sabe são a mesma fugaz sensação do inexplicável. Que persigo açodada e imprudente. 
Aquele segundo que torna tudo um fascículo novo.  
Não posso continuar impunemente. Condenando a vida .Como vício que sabota . 
M.B. 
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